16.1.11

módulo III - design de comunicação - semana 3


Esta semana pesquisei mais em relação às capas e à paginação juntando assim mais material à Pesquisa e ainda pesquisei sobre poesia visual.

Evoluí o conceito partindo para um outro ramo relacionado com a amargura, a tristeza.

Continuei a exploração de ideias levando-a mais para a poesia visual.

Acrescentei ainda três items aos Referenciais.







PESQUISA

a) SOBRE CAPAS

 o mais recente álbum da Joanna Newsom, ‘Have One On Me’ tem uma capa extremamente apelativa com todo o excesso e exotismo, fazendo lembrar o período barroco. este caos propositado é-me estimulante. 

 as capas dos discos e as letras são fotogramas. a preto e branco. na minha opinião não é só uma ideia original como o resultado e muito belo e delicado.


sendo um dos meus filmes preferidos, a capa também é importante. esta joga com as cores próprias do comunismo(preto e vermelho)e com os próprios símbolos tornando-se assim não só inteligente como apelativa.


 o filme é contorcido, amargurado mas lindo, tocante. o título, com uma pauta ganha protagonismo e dá ao espectador um título belo e intenso. a imagem já é menos bem conseguida mas não deixa de ser bastante boa. a personagem ostenta uma cara forçada, quando devia transmitir medo ou algum magnetismo transmite indiferença. a ideia em sim do engravatado com a mão cheia de sangue acompanha o filme e segue a própria ideia do coração.

os contrastes, o jogo sombra/luz resulta optimamente nesta capa de dvd.
o título, ambíguo mas cativante adorna ainda mais a banalidade das próprias fotografias ajudando ao espectéculo visual.


 o conciliar uma imagem banal a um teatro, a um local onde se manobra o visual através do corpo e da voz é complicado. no entanto esta edição do Teatro Maria Matos é apelativo, convida a entrar nesta cabina e a viajar pelo mundo do espectáculo.



b) SOBRE PAGINAÇÃO

  mais uma vez a Parq Magazine possui uma óptima paginação. as imagens e títulos são colocados estrategicamente de modo a ganhar mais impacto. o texto é colocado em segundo plano mas não deixa de ser bom.


Nesta publicação do Teatro Maria Matos a imagem, quase que obviamente, ganha protagonismo, sendo um teatro é necessário uma imagem que no mínimo capte a atenção e um título inteligente e interessante.


apostando mais uma vez na imagem como se pode ver ao longo de todas as publicações do Teatro Maria Matos, aqui a imagem chama a atenção e possui ‘graça’, o título e o nome do autor fazendo um jogo de contrastes e captam
a atenção. 


a colocação de cada fotografia (representante duma peça biográfica) numa disposição equilibrada e em moldura e imagem semelhantes à duma polaroid chamou-me a atenção pois é algo que sempre me fascinou muito e pareceu-me uma maneira interessante e apresentar sessões biográficas.


  fotografias de dança agradam-me particularmente. a dança nunca foi algo a que fosse boa mas sempre gostei de ver. as fotografias deste tipo captam a magia do corpo em movimento na sua forma mais pura e expressiva resultando em algo incrivelmente belo.
 
  o texto tem uma mancha gráfica simples e espaço o que convida a ler, tendo ainda o autor e a obra em questão a negrito. a fotografia tem um simbolismo intenso e quase inocente contrastante com o próprio título visto ser uma fotografia a preto e branco e ser um terreno plano.






c) POESIA VISUAL


quase que um auto-retrato, esta poesia visual é basicamente um agrupamento de adjectivos em forma de casaco tendo o apelido do autor como cabeça.
acaba por ser umna forma inteligente e original de fazer um auto-retrato.
 
  a formação de ums senhora através de palavras e do traço é simples e delicada com esta grafia elegante. 

este poema encontra-se como que desencaixado, dando um espectáculo visual simples mas compacto. 

  as poesias de Ana Hatherly possuem mensagens através do uso da palavra para criar formas, como se pode verificar.
 
 os desenhos de Ana Hatherly são como que uma passagem do texto para a tela. aqui, em ‘teia de palavras’ averigua-se isso.
 
com a graduação de cinzentos e pretos, o jogo com os brancos, esta poesia visual de Ana Hatherly é mais rebuscada e mais intensa.
 

aqui já há uma inovação: a colocação dos pontos para construir algo.
deste modo o desenho ganha maior dinamismo e adquire um novo interesse gráfico.
 

esta árvore de letras é um dos exemplos mais recorrentes de poesia visual.
apesar de não ter uma palavra ou frase específica é um agrupamento de letras que se vai dissipando desdo núcleo.
 
como representação de um escritor, Ana Hatherly colocou uma boca deitando letras de modo caótico e quase como que numa ‘diarreia verbal’, das quais todos os escritores sofrem.





CONCEITO

Caminho pelo mundo mundo criado pelos outros. vadio com um rumo indefinido e longuíquo.



conceito inicial:
O teu fado é uma alternativa desigual de ti mesmo.
Segues uma estrada de três sentidos que termina no muro que tu próprio ergueste.
Caíste na desilusão de um romântico não assumido, da ponte sem fundações, da borracha suja, dos sentimentos iludidos.
Ficas selado por uma fita vermelha feita da tua extravagância.
Perfuras as nuvens frias e invisíveis numa ceguez muda que não consegues curar.
Adoeces na tua própria loucura, nadando num abismo de memórias a preto e branco.
Ultrapassas a realidade limitando-te então ao vazio.

notas reflexivas: a amargura tomou-me, assim, limito-me a caminhar dentro de mim mesma remoendo sobre tudo.



Bonjour Tristesse,
Acompanhaste-me a noite toda, fizeste-me uma carícia com a tua mão tão fria(terás o coração quente?) no meu rosto tão quente destes pesadelos.
Arrefeceste-me, congelaste as minhas veias e o meu coração. Os meus pulmões doem com este ar tão gélido, tão triste.
Choro esta manhã tão cega, tão suja.
Nem vale a pena dizer-te adeus porque já sei que não irás(será que me amas?), apenas te digo Bonjour Tristesse.

notas reflexivas: a tristeza provém da amargura, os próprios sonhos tornam-se pesadelos. deste modo, a tristeza acaba por tornar-se minha companheira e por me aconchegar. já não me tento livrar dela porque sei que já dependo dela de um modo estranho. 




EXPLORAÇÃO DE IDEIAS

c) poesia visual


o vinho tem um travo amargo que causa um doce arrepio ao mesmo tempo, é também algo cujo cheiro é intenso.
preciso de respirar fundo no meio de todo este grande copo de amargura que paira neste ar gelado numa calma inquietante. está seguro por um fio muito delicado e sensível que floresce de um vaso pequeno e compacto de memórias a preto e branco. respiro fundo, respiro fundo para não rebentar este balão tão cheio.

  questiono-me.
quero-te a ti? quero mais?
que rumo tomar? para onde fugir?
pesadelos? dias?
leio sobre amor? escrevo sobre rancor?
vou rasgar? vou recortar?
vou voar? vou sonhar?
faz-se luz? faz-se escuro?
construo? expludo?
vou só fechar os olhos.


  danças loucamente sob a tua tempestade à espera que o trovão ressoe.
não temes a chuva pois já tens lágrimas.
abres a boca e saboreias.
que cegueira muda. que chuva amarga.

 
o sono é uma ponte sem início ou fim, sem apoios. não há qualquer ligação com a realidade além do nosso sub-consciente que pisamos e presenciamos.
o pesadelo é quando esta ponte começa a ruir esse limbo entre o sonho e a realidade. o desespero invade-nos e o pânico assola-nos. dizemos assim adeus ao que antes tomavamos por certo. o nosso coração bate mil à hora e estamos ofegantes. o muro instala-se. já não há certeza do que é memória e do que é realidade.
eu no entanto sem destinguir. sonho a preto e branco.


REFERENCIAIS A UTILIZAR NA EXPLORAÇÃO DO CONCEITO

   
este edifício do Siza Vieira em Berlim, Alemanha marcou-me muito não só por ser algo bastante fora do comum do que conhecia das suas obras como pelo protesto no seu topo. o famoso graffiti foi uma forma de protesto por parte dos moradores perante a tristeza que o edifício emanava.
este bonjour tristesse acaba por ser uma bela frase carregada de emoções. afinal quem é que gosta de acordar na tristeza?
invertam.


  
o suplemento P2 do jornal Público tem um espaço diário chamado ‘Escrito na Pedra’ no qual frases das mais diversas pessoas são seleccionadas e aqui colocadas.
Esta, de Fernando Pessoa foi uma que achei tão bela, simples e verdadeira que nunca mais me esqueci dela.
está algo relacionada com a desilusão, com a amargura e a tristeza. 



quando li esta frase sorri imediatamente, era uma daquelas situações em que é dito algo em que já tinha pensado mas que não tinha verbalizado ou simplesmente apercebido.
para conseguirmos guardar algo eternamente dentro de nós temos sempre de nos esquecer dele. é por isso que às vezes os pormenores mais insignificantes, as histórias mais simples que esquecemos acabam por ser as que mais tarde nos acompanharão.



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